Amigos, prometi continuar aqui a série de textos ?Não se deixe enganar?. Prometi e vou cumprir, embora ainda não hoje. O torpedo que caiu sobre o futebol brasileiro, com as incríveis falhas de Flamengo e Portuguesa - a segunda bem conveniente para o primeiro - e as inacreditáveis farpas que sobraram para o Fluminense no episódio, me deixaram de tal forma enojado com o futebol brasileiro de forma geral e com parte da imprensa esportiva do país, em particular, que venho deixando esse espaço desabastecido de textos novos. Tentarei melhorar. Mas a série voltará sim. E a próxima deverá tratar de um tema que tem tudo a ver com o deste texto. O poder da imprensa. Para o bem e para o mal. Será o engodo a que nos tentam impor, mesmo depois de quase 27 anos, de que o Flamengo foi o campeão brasileiro de 1987. Tentarei mandar na semana que vem.

Mas os assunto sobre o qual decidi falar hoje é o poder da imprensa. Esta instituição absolutamente necessária, mas que pode ser absolutamente nociva e destrutiva.

A imprensa livre é fundamental para qualquer país. Sem uma imprensa livre, não há democracia. Porém haver uma imprensa livre não basta. Ela precisa ser limpa. Ela precisa ser honesta. Principalmente responsável. No Brasil já vimos a imprensa eleger e depois derrubar um presidente. Já a vimos espalhar o medo caso um outro fosse eleito. O poder de fogo da imprensa é incrível.

?A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro.? Noam Chomsky

Não creio que haja uma imprensa totalmente livre, na verdade. A revista Veja costuma perdoar-se com seus leitores pela grande quantidade de propagandas, afirmando que é o que a mantém isenta, a favor apenas da verdade. Não sei se é bem assim, embora seja um leitor da revista. Os anunciantes também têm os seus interesses. Nem toda matéria deve interessá-los. Não se omite notícias importantes, mas o enfoque dado pode ter um viés movido por interesses de quem está bancando o órgão. Sempre há alguém bancando e esse alguém sempre terá algum interesse no viés que será dado ao levar a notícia para o leitor. Não sei se isso é errado ou certo. Só não vejo solução. É assim mesmo e pronto.

"A imprensa separa o joio do trigo. E publica o joio". Adlai Stevenson.

Trazendo para o futebol, que é a razão de ser deste espaço, chegamos à imprensa esportiva. Esta é ainda pior, na minha opinião. É menos cobrada por parcialidade e a emoção do torcedor brasileiro muitas vezes faz com que jornalistas não se expressem verdadeiramente pelo que ele sente e acredita. Ou mesmo ele se deixa levar por suas próprias emoções de torcedor. O que se viu contra o Fluminense no final do ano passado e começo deste, foi um bom exemplo. Acho normal que um torcedor se sinta revoltado quando um grande é beneficiado em detrimento de um pequeno. Com exceção de violência e manifestações racistas, o torcedor pode quase tudo. Mas o jornalista não. Ele tem que se prender aos fatos. E os fatos mostravam que o Fluminense não teve nenhuma participação ou culpa em toda aquela confusão.

Só porque está na imprensa não quer dizer que é o "evangelho." MIchael Jackson

Mas o que vimos? Triste papel da ESPN Brasil, com a honrosa exceção do PVC em alguns casos, triste papel do André Rizek, do Sportv, triste papel do jornalismo esportivo da Folha de SP, que deu voz ao único jurista favorável à Portuguesa (Ives Gandra), ignorando todos os demais, que a condenavam. Ainda cedeu espaço destacado para o jogador Heverton, pivô de toda a confusão, para dizer que jamais jogaria no Fluminense. Bem, essa parte até que é boa para o Flu. Capítulo à parte para Renato Mauricio Prado, para mim uma das piores relações alcance x relevância da nossa imprensa. RMP beira ao ridículo, com seu clubismo pessimamente disfarçado, publicando boatos, e usando um personagem, Bagá, para tentar diminuir adversários.

?A imprensa sempre acaba por impor a verdade da notícia no lugar da notícia da verdade.? Artur daTávola

Agora vejam vocês a irresponsabilidade do portal UOL. Publicou uma matéria dizendo que o ?pó de arroz?, usado pela torcida do Fluminense nos estádios era uma apologia ao racismo. Hein? Apologia? Qual seria o objetivo do repórter que escreveu tamanha barbaridade? Informar? Distorcer? Seja qual for o seu objetivo, ele foi no mínimo irresponsável. Usou um espaço de grande alcance para disseminar uma mentira deslavada e demonsrar total desinformação. Acho que nem preciso informar aqui que o uso do ?pó? nos estádios não tem sequer algum vestígio de discriminação. Mas alguma penalização será determinada para o tal repórter do UOL? Duvido.

?Entre preconceito, meia verdade,história mal contada, juízo de valor, há quem busque a verdade, e quem "ganhe" para nos manter longe dela.? Nassor Oliveira Ramos

O Careca deve ter se revirado no túmulo.

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