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Crônica De Uma Morte Anunciada (09/08/2018)

Acho que nenhum tricolor tem dúvida: nenhum dos patrocinadores da era pós-Unimed tinha cacife para um patrocínio máster de um grande clube brasileiro. Nem a Valle, nem a Vitton, nem a tal marca canadense de material esportivo. Ainda tenho minhas dúvidas em relação à Under Armour.

Todos os contratos acabaram na Justiça. Eis a pergunta que fica para todos: e essas duas diretorias pós-Unimed têm, ou tiveram, condições, em algum momento, de dirigir o Fluminense? Por que então esses canalhas assumiram a responsabilidade? Tudo bem, podem alegar: e quem teria condições, em nosso lugar?

O conjunto da obra é um desastre. Alguns ainda enchem a boca com o Centro de Treinamento Pedro Antônio, o único avanço estrutural desde 2010. Pois é obra de um único tricolor, ele sozinho e mais ninguém. Sim, o próprio Pedro Antônio.

Sem ele, estaríamos treinando nas Laranjeiras até hoje, em um único campinho esburacado de várzea, com vestiários de São Cristóvão. Vão retrucar que o Fluminense vem pagando (será?) pelas despesas que ele teve. Alguém tem certeza de que a dívida está sendo honrada? Eu não tenho.

Não vou enumerar de novo os absurdos cometidos ao longo dos últimos sete anos e que, mais e mais, desmoralizam a instituição. O Fluminense é hoje é uma piada no mundo do futebol. Para nós, torcedores, é só tristeza: abrir as páginas e sites esportivos na expectativa de ler sobre o vexame, a má notícia do dia.

Salários atrasados são rotina, a principal ameaça de rebaixamento. Já conhecemos o roteiro: a partir do segundo turno do Brasileirão, os jogadores se irritam, se desmotivam e passam a jogar de forma desinteressada, sofrendo derrotas seguidas. Alguns dão entrevistas pesadas, falando da vontade de cair fora.

O técnico perde o controle do grupo, claro, e acaba demitido. Vai para a Justiça cobrar atrasados. E teremos que torcer sempre para que o clube não se ?esqueça? de mandar advogado para as audiências. E também para que nenhum jogador requeira judicialmente sua liberação, como fez Scarpa.

Venci o tédio por futebol e vi parte de Flamengo e Cruzeiro na quarta-feira à noite pela Libertadores (tricolor anda triste com futebol). Que inveja, ver um clube mineiro que põe mais torcedores no Maracanã do que nós, em um Fla-Flu. Em campo, um time sólido, bem organizado, com excelentes jogadores, todos com salários em dia.

Para nós, é uma outra realidade, um outro planeta. O Ameriquinha acabou da mesma forma que nós estamos morrendo. Somos um clube dirigido por sombras, ninguém mais mostra a cara. Tudo às escuras. Restou o Paulo Angioni, que é competente, mas seu limite é o campo.

E os tais ?grupos políticos?? Quanto pior fica a crise do clube, mais numerosos ficam, eu nem sei de memórias seus nomes, suas siglas, seus componentes.

Que investidor ou grande patrocinador aceitaria hoje se aproximar do Fluminense? A crise é grande, e ninguém quer jogar dinheiro fora ou se envolver com irresponsáveis e incompetentes. As ações na Justiça se acumulam como lixo.

Está claro que a diretoria do Fluminense hoje aposta todas as suas fichas na venda do Pedro e do Ayrton Lucas. Sonham conseguir um dinheirinho para fechar as contas de 2018 e arrotar um pretenso ?saneamento financeiro?. Mas como, se o dinheiro desaparece?

Lemos no mês passado que iria chover dinheiro: a última parcela da venda do Henrique Dourado ao Flamengo; os 10% sobre o lucro do Watford na venda do Richarlisson ao Everton; o percentual da venda do Fabinho pelo Monaco ao Liverpool. As vendas do Luan Peres, do Renato Chaves e do Natan Ribeiro. Cadê o dinheiro?

E nesta quinta-feira lemos que os salários voltaram a atrasar. Dois meses de direitos de imagem e um de carteira do trabalho. A Valle pode ser (e realmente é) uma porcaria, mas apresentou claramente cláusulas contratuais que o clube deixou de cumprir.

Provavelmente por falta de dinheiro ? ou por total irresponsabilidade, como no caso da ausência de advogado na audiência com Levir Culpi na Justiça do Trabalho. Tudo bem, o país está em uma crise profunda, agravada com a proximidade das eleições e a insegurança que o evento traz em si. Mas e o Cruzeiro? O Galo? O Inter? O Grêmio?

Nem falo nos paulistas por razões óbvias. São protegidos e blindados, como o Flamengo. O Fluminense é vítima da audácia de gente incapaz e arrogante.

Os grandes tricolores ou morreram, ou envelheceram muito.

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