A localização do estádio parece perfeita, e a iniciativa é um sopro de criatividade, ousadia e fuga à mesmice e à paralisia que vive o Fluminense. A engenharia financeira anunciada por Pedro Antônio para a construção do estádio deixa claro que o clube não mexerá no próprio orçamento, não gastará dinheiro do futebol e nem das eventuais vendas de jogadores.

Para mim, o único problema é o tamanho. Se for um estádio para 22 mil pessoas, vamos ainda ficar dependentes do Maracanã para os grandes jogos. Eu toparia essa capacidade desde que fosse uma estrutura que permitisse ampliação para 35 ou 40 mil pessoas, quando a situação geral do clube e do país melhorassem.

O que torna tudo ainda mais atraente é o fato de poder ser construído rapidamente, em menos de um ano, e a um custo baixo. É preciso aproveitar o surgimento de um tricolor como o Pedro Antônio, porque o grande problema do Fluminense, há muito tempo, é a ausência de quadros qualificados, de pessoas capazes de fazer acontecer, agressivas, criativas e com inserção no mercado.

Nem quero me meter a comentar possíveis desavenças entre Pedro Antônio e a diretoria do Flu, por não conhecer detalhes do que está sendo negociado, e como. A única convicção que tenho é de que é preciso sacudir a paralisia do Fluminense, a pasmaceira administrativa. O vice-presidente de Marketing afirmar que há 20 empresas interessadas em patrocinar o clube é risível, ridícula.

E o time em campo?

Sobre o nosso time, é um dos melhores do país, desde que resolva alguns problemas que parecem crônicos: o primeiro é a falta de preparo físico, que faz até mesmo jogadores jovens desabarem com câimbras no segundo tempo. Terminamos acuados e bombardeados em todos os jogos, com os jogadores extenuados em campo.

Não podemos terminar partidas com três atacantes e um meio de campo com apenas três jogadores, principalmente se Marquinho e Renato estiverem entre eles. A vulnerabilidade é insustentável. Ficamos com vazios no campo e com espaços entre o meio de campo e a defesa, onde os adversários passeiam e armam o jogo à vontade.

Há jogadores que não têm mínimas condições físicas para o futebol profissional, como o lateral direito Lucas e Marquinho. O ritmo deles é outro, é de veteranos, de showball, não têm a mínima competitividade.

Lucas anda até se escondendo da marcação e do apoio ao ataque, e sobrecarrega absurdamente o miolo da zaga, os volantes e o lado direito do nosso ataque, que fica também deserto. Abel precisa fazer alguma coisa, proteger a nossa defesa, compactar o time (principalmente do meio do segundo tempo em diante) e criar jogadas de contra-ataque.

E olhar o que vem acontecendo no condicionamento físico. Contra câimbras, o tenista Gustavo Kuerten costumava comer bananas durante os intervalos de sets ou games. A banana é rica em potássio, cuja escassez no organismo causa o espasmo muscular. E não há uma reposição de potássio no intervalo dos jogos, com bebidas isotônicas?

Câimbra também pode ser causada por exaustão muscular, decorrente de excesso de treinamento. Eu me lembro de que em 2004, no meio do Campeonato Brasileiro, o Fluminense contratou o preparador físico Flávio Trevisan, que chegou cheio de marra, com um currículo que incluía clubes de basquete da NBA.

Trevisan chegou e, em uma semana de Fla-Flu, pôs os jogadores para subir as arquibancadas das Laranjeiras em velocidade. Ora, em meio de temporada isso pode ser fatal. No meio do Fla-Flu, até mesmo jogadores de grande capacidade física, como Leonardo Moura e Ramon, desabaram em campo com as tais câimbras.

Trevisan não durou nem um mês...

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