Hesitei, quase não fiz, tentei esquecer tudo, fui jantar com amigos na noite de sábado e dar boas gargalhadas, falar de tudo, menos de futebol. Uma derrota como essa para o Vasco dá vontade de esquecer futebol, porque fica a sensação amarga de frustração, de que uma vitória certa foi atirada na lata do lixo por desídia, lassidão, acomodação na marcação.

Pensei em fazer um artigo com os grandes times do Flu que vi em ação, como os de 1969/70, o de 1976 e o de 1983/84/85. Falaria do conjunto espetacular, do jogo coletivo dos dois campeões brasileiros, e da constelação de craques não-campeões de 1976. Mas achei que poderia não ficar claro que era um protesto

É fácil culpar um ou outro pela derrota, jogar a responsabilidade sobre as atuações individuais, que foram desanimadoras, com raras exceções, como as de Leo, Wendel, Richarlisson e Dourado. A culpa foi do conjunto, da mania de desistir do jogo, de entregar a bola ao adversário quando se tem apenas um gol de vantagem, da tentativa de enrolar até o apito final.

Não sei o que acontece com o Orejuela, mas dá a impressão de apatia ou do excesso de confiança, com marcação frouxa e passes displicentes para o lado. Pronto, lá vou eu culpar as atuações individuais...

Mas não dá pra deixar de notar tudo isso, no Orejuela, no Lucas, que parece cumprir sua rotina de começar bem nos clubes em que joga e depois cair dramaticamente. Pelo seu lado o Vasco virou o jogo. Nogueira também foi um desastre, permitiu que o tal de Manga e o Nenê desfilassem com a bola dentro da nossa área e marcassem os gols da virada.

Nogueira também ficou olhando o decadente Luís Fabiano subir para cabecear no primeiro gol, de forma ridícula e lamentável. É preciso ser justo e reconhecer que Wellington e Sornoza fazem muita falta. Wellington divide com Richarlisson as jogadas de velocidade, e sem Sornoza o Flu não teve um articulador pelo meio.

Scarpa não é exatamente esse articulador, ele executa seu jogo pelas laterais, principalmente pela direita. Wendel também não articula, ele desarma e carrega a bola em velocidade, tem seu jogo baseado na rapidez e na surpresa. Os dois jogaram bem, mas um pouco abaixo do que são capazes.

Restou a satisfação de constatar que Leo está evoluindo, inclusive no jogo aéreo, e que Henrique Dourado é bem útil ? é o artilheiro do campeonato, ora! Há muito não tínhamos um batedor de pênalti tão eficiente, nem o Fred fazia tão bem.

Surpreendente também a coragem do juiz, que já nos roubou muito em jogos passados. Marcar dois pênaltis seguidos, principalmente a favor do Flu, é mesmo coisa de se tirar o chapéu.

Triste também a realidade do nosso banco. Quem entra, atrapalha mais do que ajuda.

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