Colunistas -

Já Passou, Agora é Hora De Cuidar Das Finanças (08/05/2017)

Foi triste, mas eu não estou decepcionado. Acho que o Fluminense começou bem o ano, lutamos como sempre contra arbitragens parciais e nosso time é muito jovem e com alguns pontos fracos. Agora, porém, acredito que é preciso mudar de pauta, e há um assunto que me preocupa demais.

O Fluminense mantém o atraso salarial com seus profissionais, e a dívida está prestes a saltar de quatro para cinco meses de direitos de imagens não pagos. Claro que isso vai influenciar no rendimento do time a qualquer momento, porque não há quem trabalhe feliz sem receber a contrapartida contratada pelo seu trabalho.

?Ah, mas são apenas os direitos de imagem?, minimizam. Ora, esses direitos, não especificados na carteira de trabalho, são uma parte fundamental dos vencimentos, em muitos casos a maior parte da remuneração. Começar o Campeonato Brasileiro devendo aos jogadores é brincar com fogo.

O segundo semestre será dramático para quem não está preparado para enfrentar o que vem pela frente. Ou quem não vender jogadores para ter um colchão de segurança até dezembro.

Em outubro, por exemplo, os pagamentos mensais dos clubes ao Profut, o programa de renegociação das dívidas com a União e órgãos federais, custarão o dobro do que é pago até agora.

Para que os clubes tivessem um fôlego inicial, o governo autorizou um desconto de 50% nas parcelas do Reffis dos clubes. Esse desconto passará em outubro a ser de apenas 25%. Será pesado, um aumento mensal de alguns milhões de reais para cada clube devedor. Estará o Fluminense preparado?

O nosso clube teve no ano passado o maior aumento de receita com cotas de tevê de todo o país, à frente inclusive de Flamengo e Curintcha. Mas foi circunstancial, apenas porque o Fluminense recebeu luvas pelas transmissões de tevê do Sistema Globo para o período 2019/2024.

Mas atenção! Não significa que ganhamos mais dinheiro do que a dupla favorita do sistema. Nada disso. Eles ganharam muito mais, junto com outros cinco clubes. Esse aumento que tivemos, de 163%, se deve apenas ao fato de que ganhamos pouquíssimo em 2015, e é um percentual referente ao aumento, não ao volume de dinheiro.

Já agora, em 2017, voltamos à nossa condição de indigentes financeiros, porque provavelmente as luvas pagas pela Globo já foram gastas pela administração anterior em contratações malucas, pagamento de dívidas e no CT. Voltamos, pois, neste ano, a receber infinitamente menos do que Flamengo, Curintcha, Parmêra, São Paulo, Vasco e Santos.

Em 2016, cinco clubes ganharam mais dinheiro da tevê do que o Fluminense, incluídas as luvas globais e os pagamentos mensais: Curintcha e Flamengo (claro!), Parmêra, Grêmio e Santos. O que torna nossa situação particularmente dramática é que nossas outras receitas (fora a tevê) são ridículas.

O Parmêra foi o que mais faturou com patrocínio e bilheteria, R$ 90 milhões, ao longo de 2016. O Fluminense ficou em reles R$ 15 milhões ? e só conseguimos essa graninha porque o tal velhinho daquele veneno energético Vitton ainda pagava alguma coisa, assim como a Dryworld. Mas a fonte secou antes do meio do ano.

Em 2017, estamos em seco, a zero, em matéria de patrocínio. Ou melhor, temos a fidelíssima Frescatto, que colabora dentro de suas possibilidades. Nossa relação nas receitas de tevê versus patrocínios em 2016 é lamentável. Cerca de 60% vieram da Globo e apenas 8% dos patrocínios. Até agora, em 2017, a coisa piorou, portanto.

A situação deve melhorar quando entrar em vigor o contrato com a Under Armour, a partir de julho. Se o time estiver bem, certamente a venda de camisas será enorme, porque há uma demanda reprimida: ninguém está mais comprando nada da Dryworld. E o clube terá participação nas vendas.

A outra tábua de salvação, como já disse lá atrás, é a venda de algum jogador para fechar a conta ? que segundo o orçamento do clube prevê um rombo de R$ 70 milhões a ser coberto. Outra fonte preciosa de receita para outros clubes, como Parmêra e Flamengo, é a bilheteria e o sócio torcedor, e com isso não podemos contar.

O que nos garante alguma segurança é que a atual direção parece bem equilibrada, responsável e consciente das limitações e possibilidades. O que incomoda é a total inoperância do nosso marketing e a dificuldade de captação de novas receitas.

Se nos resta algum consolo é perceber que o Vasco, por exemplo, está em uma situação muito pior, quase desesperadora. Quanto ao Botafogo, ganhou em 2017 uma excepcional fonte de receitas, a devolução do Engenhão (Estádio João Havelange. Nilton Santos é o cacete!), de mão beijada e reformado com dinheiro público.

Se o Botinha cair rápido na Libertadores e na Copa do Brasil, poderá, no entanto, ter dificuldades, porque montou um elenco mais caro do que suas possibilidades. E o Fluminense ainda pode se desfazer de alguns jogadores do atual elenco e que não são (ou não deveriam) ser utilizados, para abrir espaço financeiro.

A situação de quase penúria torna impossível reforçar o time, como venho dizendo desde janeiro neste espaço. A única esperança de cobrir nossas deficiências, como a zaga e o miolo do ataque, é vender um dos garotos e contratar alguém livre no mercado, que venha apenas pelo salário. Eu gostaria do Alan, do Maicon Bolt, por exemplo, se fosse possível.

Esses números sobre as receitas e balanços dos clubes eu não inventei. Estão nos estudos dos consultores Pedro Daniel, da BDO Investimentos, e Amir Somoggi. E vamos nós! Esperamos os salários em dia dos jogadores, títulos e uma participação muito maior da torcida em todas as frentes. Um patrocínio máster cairia bem.

-


 
Desculpe, não há artigos no momento.
  


Copyright (c) 1998-2024 Sempre Flu - Todos os direitos reservados


Fatal error: Uncaught Error: Object of class mysqli_result could not be converted to string in /home/sempreflu/sempreflu.com.br/tools/control.php:19 Stack trace: #0 /home/sempreflu/sempreflu.com.br/tools/control.php(19): array_unique(Array) #1 [internal function]: shutdown() #2 {main} thrown in /home/sempreflu/sempreflu.com.br/tools/control.php on line 19