Saudações Tricolores!

É com grande satisfação que recebo a honra de escrever para um fórum que acesso há 17 anos e no qual estabeleci contatos com tricolores de todo país, inclusive dentro do nosso clube de coração.

Inclusive nesta possibilidade de me comunicar com tricolores de diversas localidades, homenageio os de Manaus e adjacências, que deram muito carinho ao time e fizeram bonita festa nos dias que o Flusão esteve no Norte do país, não deixando dúvidas que somos queridos pelo Brasil afora (embora isso seja pouco aproveitado pelo nosso Marketing), é que os times do Rio são nacionais. Foram mais de 32 mil pessoas e isso não é novidade, pois o FLU já jogou lá para 55 mil pessoas em 1999, contra o São Raimundo pela Série C. E a festa ordeira e conjunta das torcidas, com famílias inteiras no estádio, foi o que ocorreu de melhor no clássico. Contramão disso foi apenas a falta de espírito esportivo do Rodrigo nos cumprimentos, que num todo, é irrelevante.

Quanto ao jogo, esperava começar com um resultado positivo sobre nosso maior rival na atualidade, e com grande atuação do nosso mais importante jogador, após todo o imbróglio felizmente resolvido. Fora que lamentavelmente estreio num Domingo atípico em que todos estão voltados à esculhambação em Brasília, e com minha resenha prejudicada pela transmissão cortada na maior parte do segundo tempo.

Então começo pela escalação, que embora discutível, foi coerente aos objetivos do clube em obter mais profissionalização e ética no futebol. Embora todo título seja importante, o caráter apenas simbólico da outrora valorizada Taça Guanabara, o risco de suspensões, o desgaste com a longa viagem e o calor da Amazônia (ainda mais num jogo as 15 h no horário local) justificavam isso. Quarta e no fim de semana que vêm, é que valem mesmo.

E apesar de começarmos distraídos, sofrendo perigo em duas bolas isoladas, o time misto foi razoavelmente bem. Nota-se nitidamente que todos estão mais confiantes e organizados em campo, e buscando espaço com o treinador. Faltam às vezes competência e talento, mas não empenho e disciplina tática. Levir já tem domínio sobre o elenco, e todos estão entendendo o solicitado e dando opção ao companheiro.

Tanto é que não sofremos mais riscos no restante do primeiro tempo e passamos a ditar o ritmo. Marcação está mais eficiente, defesa bem postada e mesmo com um meio de campo capenga, compensado apenas pela boa movimentação e velocidade de alguns, tivemos algumas chances de contra-ataques interrompidos infelizmente pela limitação e má fase dos nossos atacantes, que não encaixaram lances tão claros de gol.

Por isso considerei a derrota um castigo, agravada inclusive pela arbitragem que inexplicavelmente anulou um gol legítimo, onde (quem joga pelada sabe) o Renato baixa a cabeça e fecha o olho esperando o choque, a bola pega no seu cucuruco e entra. Gol esquisito, mas normal, à Antonio Carlos em 2005, que infelizmente o soprador anulou.

Quanto às atuações, não tivemos nenhum grande destaque, embora o Marlon, Wellington Silva e Douglas tenham cumprido os melhores papéis. Mas num todo:

Cavalieri - Foi pouco exigido, e sofreu apenas em chutes improváveis do Andrezinho, que tentou surpreendê-lo e por sorte a bola pegou na trave; e depois quando desvia com a ponta dos dedos um petardo de rara felicidade do Éder Luis que ainda explode na trave. Já no gol o Riascos erra o chute e "mata" o Cavalieri, que esperava um chute forte e cruzado no outro canto. Mas pela recuperação nos dois primeiros chutes, que entrariam e culminariam com um placar elástico, nota 7.

Wellington Silva - Bem na marcação e com alguns bons tiros no apoio. Falta apenas ser mais eficiente no último passe (não precisa cruzar por cruzar) ou nos arremates a gol. Mas teve boa atuação. Nota 7,5.

Renato Chaves - Estava bem até a transmissão cair. No mano a mano, pelo alto e na cobertura. Vacilou somente numa bola alçada despretensiosamente para nossa área, que o Riascos veio por trás dele e cabeceou. Depois saiu nem sei por qual motivo. Mas foi bem. Nota 6.

Nogueira - Substituiu o Renato Chaves, mas não deu para notar muita coisa sem a transmissão.

Marlon - Segura e proveitosa atuação, lembrando quando estreou no profissional. Sem firulas e lentidão irritante no passe. Parece que o castigo no banco o amadureceu. Nota 7,5.

Giovanni - Apesar de não ter comprometido, ainda não conseguiu emplacar nenhuma boa partida depois de sua lesão. E também não tem cacife para ser jogador do Flu. Nota 5.

Douglas - Cumpriu bem seu papel de marcador, deu um bom chute a gol e ainda se apresentou algumas vezes no ataque, dando opção, inclusive na bela triangulação desperdiçada bizonhamente pelo Oswaldo no último lance do jogo. Nota 7,5.

Édson - Vinha no mesmo nível do companheiro de cabeça de área, mas novamente desperdiçou uma boa oportunidade de se firmar, com mais uma expulsão, que sinceramente, devido a falta da transmissão, não tenho como opinar. Porém sinceramente não entendo como jogadores do Flu ainda caem na provocação dos vascaínos. Têm que ser mais inteligentes. Nota 4.

Gérson - Único lúcido no meio de campo, que ainda tinha o Marco Júnior (pasmem!) como armador. Porém precisa participar mais do jogo, chutar a gol, entrar na área, buscar o gol. Nota 7.

Marcos Junior - Tentou cumprir um papel que não é o seu, mas não deu conta. Não criou nada de efetivo, nenhuma chance sequer de gol. Mas valeu a entrega, principalmente na marcação. Nota 6.

Higor Leite - Substituiu o Marcos Junior , mas não tenho como avaliá-lo sem a transmissão.

Osvaldo - Boa movimentação e velocidade desperdiçada pela limitação e pouca inteligência. Gol que perdeu, naquele crucial momento, da forma como perdeu, foi ridículo. Nota 5.

Fred - Atuação apagada. Nitidamente está longe da sua melhor forma física e técnica e certamente abalado com tudo que transcorreu. Mas é decisivo, importante dentro e fora de campo, e terá uma semana para se preparar, inclusive psicologicamente, para a semifinal. Nota 5.

Magno Alves - Substitui o Fred, e o que vi nos minutos transmitidos, foi que deu o passe açucarado para o Oswaldo decidir cara a cara com o goleiro já caído, e perder. Mas foi o único a deixar um companheiro na cara do gol. Nota 7 por isso.

Já o Levi também não teve muito que fazer. Plantel é limitado. E também me pareceu abalado com tudo que ocorreu. Nota 7.

Lembrando que, devido a interrupção na transmissão, só vi o primeiro tempo e o finzinho do segundo.

Enfim, no todo não foi uma atuação excelente, nem de toda ruim. Ainda mais para um time misto, desentrosado. Que fique o de bom, e corrijam os vacilos.

Agora, com o time (quase) completo (devido a suspensão do Fred), é focar num título que pode ser o divisor de águas para o FLU em termos de arrecadação e pretensões no ano, e também nessa busca por um futebol mais rentável e organizado. Portanto quem puder e quiser, à aprazível Juiz de Fora. Prestigiem. Lembrando que é feriado no dia seguinte e pode-se estender (tomara que a comemoração) por lá.

Já os demais emanem aquela corrente positiva. Vencer ou vencer! Inclusive, vistamos nossa camisa tricolor nesses dias. Podemos em três dias, após quatro anos, conquistar novamente um título, e plagiando um colega, só títulos servem.

A BENÇÃO JOÃO DE DEUS!

Boa semana!

Lierson Ribeiro - lierson@bol.com.br